Freevalve: digam adeus às árvores de cames

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Consumos menores, emissões mais baixas e maior rendimento. São algumas das promessas do sistema Freevalve.

Nos últimos anos a electrónica tem chegado a locais que até há bem pouco tempo pensávamos reservados, em absoluto, à mecânica. O sistema da empresa Freevalve – que pertence ao universo empresarial de Christian von Koenigsegg, fundador da marca de hipercarros com o mesmo nome – é um dos melhores exemplos.

Qual é a novidade?

A tecnologia da Freevalve consegue libertar os motores de combustão do sistema mecânico de controlo de válvulas (mais à frente veremos com que benefícios). Como sabemos, a abertura das válvulas  está dependente do movimento mecânico do motor. Correias ou correntes, ligadas à cambota do motor distribuem energia pelos sistemas dependentes

O problema dos sistemas de distribuição é que são um dos elementos que mais rouba rendimento ao motor, por via da inércia criada. E mais concretamente no que concerne ao controlo das árvores de cames e válvulas, por ser um sistema mecânico, as variações de funcionamento permitas são muito limitadas (exemplo: sistema VTEC da Honda).

“No lugar das tradicionais correias (ou correntes) que transmitem o seu movimento às árvores de cames, encontramos atuadores pneumáticos (ver vídeo)”

Posto isto, chegamos à conclusão que os méritos do sistema criado pela empresa de Christian von Koenigsegg, são precisamente os deméritos dos sistemas presentes nos motores atuais: (1) liberta o motor dessa inércia e (2) permite uma gestão livre dos tempos de abertura das válvulas (seja de admissão ou escape).

Quais as vantagens?

São inúmeras as vantagens deste sistema. A primeira já referimos: diminui a inércia mecânica do motor. Mas a mais importante é mesmo a liberdade que dá à electrónica de controlar o tempo de abertura das válvulas, consoante o regime de rotação do motor e as necessidades especificas de determinado momento.

A altas rotações o sistema da Freevalve pode aumentar a amplitude de abertura das válvulas para promover uma entrada (e saída) mais homogénea dos gases. Já a baixas rotações, o sistema pode ditar uma abertura menos pronunciada das válvulas para promover uma diminuição dos consumos. Em última análise, o sistema da Freevalve pode até desativar os cilindros em situações em que o motor não está a trabalhar em carga (estrada plana).

O resultado prático é mais potência, mais binário, maior eficiência e consumos mais baixos. O ganho em termos de rendimento do motor pode chegar aos 30%, ao passo que as emissões podem ser reduzidas até 50%. Notável, não é?

Como funciona?

No lugar das tradicionais correias (ou correntes) que transmitem o seu movimento às árvores de cames, encontramos atuadores pneumáticos (ver vídeo) controlados pela centralina, de acordo com os seguintes parâmetros: rotação do motor, posição dos êmbolos, posição do acelerador, mudança engrenada e velocidade. A temperatura da admissão e qualidade da gasolina são outros dois fatores que podem ser tidos em consideração na abertura das válvulas de admissão com vista à máxima eficiência.

“Com tantas vantagens, porque é que este sistema ainda não é comercializado?” perguntam vocês (e muito bem). A verdade é que esta tecnologia já esteve mais longe da produção em massa. Os chineses da Qoros, uma marca chinesa de automóvel, quer lançar um modelo com esta tecnologia já em 2018. Poderá ser uma tecnologia cara, mas sabemos que com a produção em massa os valores vão diminuir substancialmente.

Retirado de razaoautomovel